No episódio dessa semana, por sugestão do nosso padrinho Maico Krause, vamos falar sobre as fases do desenvolvimento infantil e as brincadeiras para estimular cada um desses momentos.

O desenvolvimento infantil

Durante muitos anos a cultura ocidental considerou as crianças como “adultos em miniatura”. Essa invisibilidade da infância veio a ser modificada a partir de pesquisadores que apontaram etapas que se distinguiam de acordo com as faixas etárias das crianças. Um desses teóricos foi Jean Piaget, que estabeleceu quatro fases para esse desenvolvimento.

Nessa coletânea de brincadeiras para estimular o desenvolvimento da Criança, vamos organizar em quatro etapas, seguindo a categorização proposta por Piaget:

  • 0-2: Fase sensorimotor
  • 2-7: Pré-operatória
  • 8-11: Operacional concreto
  • 11+ :Operacionais e formal

Entretanto, entendemos que há um conceito mais amplo de cognição, que envolve mais do que o desenvolvimento motor e realização de tarefas, como, por exemplo, o estabelecimento de relações sociais e afetivas.

Crianças com deficiência

Crianças com deficiência, sejam elas biológicas ou contextuais (motivadas por um contexto social pobre em estímulos), podem desenvolver-se de maneira diferente em cada etapa. Familiares, amigos e escola, entretanto, não devem se guiar pelas limitações que elas apresentem, mas sempre pensar em suas potencialidades.

Em outras palavras, crianças com deficiência também devem brincar e devem ter a brincadeira como parte da rotina de seu desenvolvimento!

Fase sensorimotor – 0 a 2 anos

Essa primeira fase do desenvolvimento, caracteriza-se pela compreensão do mundo através dos sentidos e do movimento corporal. A criança está desenvolvendo a representação mental daquilo que a cerca. Essencialmente, existe uma prevalência do concreto sobre o simbólico.

As crianças iniciam essa fase com movimentos reflexos, como fechar a mão quando sente o toque do dedo e acompanhar movimentos com os olhos. Aos poucos a mão passa a se fechar com a intenção de segurar, sentir, movimentar. Os olhos passam a seguir para analisar e buscar. Esses processos são estimulados por “jogos” de repetição, a criança brinca de imitar movimentos corporais dos outros e dela mesma.

Brincadeiras de 0 a 2 anos

Até 4 meses

O estímulo à criança visa a construção da percepção de seu corpo e sentidos através barulhos, texturas, cores e temperaturas. A percepção da criança passa pela boca, por isso mordedores são importantes, e terão um papel na sensibilização para a alimentação daí a alguns meses.

Sugestões: estímulo sensorial: chamar atenção para as coisas ao redor; contato com a criança, soprar partes do corpo, conversar com a criança, colocar uma meia com um guizo na ponta.

4 a 6 meses

O movimento é algo especialmente atraente nessa fase. Assim, bolas, panos, pulseiras com guizos e balões de hélio amarrados a criança são bastante estimulantes. Texturas, barulhos, cores e temperaturas ainda devem ser recorrentes.

Sugestões: brincadeiras de movimento, gangorra, cavalinho, avião, elevador – movimentos amplos do corpo, espelho.

6 a 10 meses

Nessa fase, os movimentos da criança já são mais coordenados, então deve-se buscar livrinhos de pano, brinquedos pedagógicos de encaixe ou brinquedos eletrônicos sonorizados.

Sugestões: brincar com caixas coloridas, empilhar, engatinhar por trilhas e obstáculos, calça jeans com enchimento para criança se apoiar sentada, rasgar papel, escorregador pelas pernas do papai ou da mamãe.

10 a 18 meses

Nessa fase, além dos estímulos anteriores, destaca-se o desenvolvimento da compreensão do movimento corporal. Brinquedos podem estimular essa compreensão, como tapetes de atividades ou mesmo uma calça comprida com enchimento. Entre as brincadeiras, destacam-se dançar, correr, esconder.

Sugestões: exploração dos espaços fora de casa, contato com grama, desenhos com giz de cera, equilibrar objetos

18 a 24 meses

Como a criança já está ficando em pé, é possível desenvolver brincadeiras que a levem a encostar em partes do seu corpo. Muitas músicas infantis estimulam essa percepção (“palma, palma, palma, pé, pé, pé”). Entre os brinquedos, ressaltam-se aqueles que propõem encaixes e empilhamentos. A ideia de desmontar e analisar as partes de um objeto também pode se estimulante.

Neste momento, inicia-se a percepção do simbólico. Assim, fotografias e objetos que remetem a outros elementos do cotidiano (brinquedos de animais e veículos, por exemplo), ajudarão nessa percepção.

Sugestões

  • Cabaninha com cadeiras e lençol;
  • Arremessar uma bola entre duas garrafas ou tentando acertar as garrafas;
  • Remador;
  • Borbulhar água com canudinho;
  • Desenhar o contorno do corpo em papel craft e preencher com desenhos e colagens;
  • Categorizar e organizar objetos.