A importância da representação da pessoa com deficiência
Como sempre me interessei por histórias de fantasia medieval, foi natural assistir O Príncipe Dragão assim que apareceu como produção da Netflix. Acompanhei todas as temporadas enquanto eram lançadas e gostei tanto da narrativa quanto da diversidade dos personagens. Entre essas personagens, uma das mais interessantes é a General Amaya. A mais importante comandante militar de Católis, atenta aos movimentos daqueles que buscavam poder, forte e justa em suas batalhas e surda. Amaya se comunica através da leitura de lábios e linguagem sinalizada.
Na primeira vez que viu Amaya em cena, Helena começou a mexer as mãos, tentando reproduzir os movimentos da personagem.
Recentemente, comecei a assistir novamente a série e, desta vez, minhas filhas (que eram muito novinhas da primeira vez que assisti) acompanharam alguns episódios. Na primeira vez que viu Amaya em cena, Helena começou a mexer as mãos, tentando reproduzir os movimentos da personagem. Parei o desenho, olhei para ela e perguntei “Você sabe por que ela faz esses movimentos com a mão?”, ela respondeu que não. Então expliquei que Amaya era surda e utilizava as mãos e expressões faciais para conversar com os outros. E continuamos a assistir o desenho.
Helena já vivencia questões relacionadas à deficiência, pois convive com a irmã Alice, que tem paralisia cerebral. Mas existe diversidade também entre as pessoas com deficiência e ela não conhecia alguém que “falasse” com as mãos. Essa experiência me fez pensar que uma obra diversa nos dá oportunidades de apresentar a deficiência como algo natural e presente no cotidiano. Elas não precisam explicar, isso cabe a nós. Por isso sempre defendemos que tão importante quanto avaliar o tempo de exposição das crianças às telas é estar presente com elas (sempre que possível, claro) quando estiverem assistindo algo (falamos mais sobre isso em nosso episódio #144. Criando Filhos Nativos Digitais). Assim, podemos aproveitar esses momentos para explicar quando acharmos necessário, ressaltar aqueles pontos que acharmos mais interessantes.
PS1: Agora, estamos juntos tentando aprender LIBRAS, esse é um conhecimento que me falta. Libras é uma língua oficial do nosso país e poucos conhecem.
PS2: Como ponto negativo, fica o vacilo da Netflix em não oferecer esse título com audiodescrição em português, somente em inglês.
PS3: Se você, assim como eu, ficou super curioso para saber as falas da General Amaya na série. Encontrei no canal Let’s Chat três vídeos com a interpretação da ASL. Lembrando que a Amaya não fala em Libras (que é a Língua BRASILEIRA de Sinais), mas em ASL (que é American Sign Language), por isso só achei os vídeos em inglês.