Você conhece os principais métodos de alfabetização utilizados nas escolas?
Quando começamos a fazer o Entre Fraldas, o podcast pai do DadTalks, um dos temas que sempre quis abordar foi sobre métodos de alfabetização. Isso porque certa vez encontrei um texto falando que todos os problemas da educação brasileira vinham do fato de termos adotado o “método global” e preterido o “método fônico” na alfabetização infantil. Primeiro, vou explicar brevemente o que significa cada um:
O Método Fônico
O método fônico é o mais tradicional na história da educação mundial. Consiste em ensinar as crianças o som de cada letra, iniciando pela identificação das vogais, em seguida os sons consonantais, dos mais simples (v, d, l, m) para os mais complexos (como os dígrafos lh, nh e ch). Muitos vão lembrar de repetições de frases, as vezes sem sentido objetivo, como “vovô viu a uva”.
O Método Global
O método global surge em contraposição ao fônico, quando alguns estudiosos partiram do princípio de que a linguagem e a comunicação são um todo e que as partes (letras, sílabas e palavras) somente faziam sentido em uma análise do seu contexto. Assim, o método global não parte da letra, mas do texto e da palavra, que é “quebrada” para ser analisada pelo aluno. A partir de textos do universo de interesse da criança, o professor orienta a análise por parte dos alunos para que estes identifiquem as letras, fonemas e palavras que o compõem.
O dilema dos métodos
O problema da discussão sobre os métodos de alfabetização é que os adeptos de cada lado (muitas vezes) fazem defesas mais passionais que racionais, tanto que nos Estados Unidos foram chamadas de reading wars. É o que acontece no texto que citei no início do episódio. O autor fala que o método global é o responsável pelo problema da alfabetização no Brasil e que nos estados unidos já haviam abolido o método de whole language do currículo escolar. Qualquer pessoa com o mínimo de lógica científica é capaz de perguntar: mas eles são mesmo excludentes? Não seria possível conciliar os dois de acordo com os objetivos específicos de cada etapa de alfabetização?
As evidências apontam que os métodos globais produzem os melhores resultados na creche e na pré-escola. Mas não no 1º ano. Nessa etapa, o ensino específico das relações entre sons e letras traz mais resultados bons.
Catherine Snow
Catherine Snow, uma das redatoras da proposta norte americana para alfabetização, entende que sim: “As evidências apontam que os métodos globais produzem os melhores resultados na creche e na pré-escola. Mas não no 1º ano. Nessa etapa, o ensino específico das relações entre sons e letras traz mais resultados bons.”
Essa também é a posição da Magda Soares, uma das principais estudiosas sobre alfabetização no Brasil, para ela é preciso utilizar “métodos” para alfabetizar, a escrita é cultural (não inata como a fala) e precisa de ser ensinada. A percepção da sílaba é essencial, não necessariamente de cada fonema, ninguém consegue pronunciar B ou P sem a presença de uma vogal, mas é capaz de perceber na oposição entre as palavras Pato e Bato.
Magda Soares também fala que as professoras alfabetizadoras são muito espertas e revelam que utilizam “métodos ecléticos” ou vários métodos em sala de aula. Assim, no fim, o melhor método é um professor capacitado e valorizado, capaz de observar cada criança, perceber seu estágio de desenvolvimento e propor estratégias que permitam o seu desenvolvimento.
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